Mãe e filhote de tamanduás-bandeiras são flagrados durante 'passeio' em reserva florestal, em Presidente Epitácio; VÍDEO
21/08/2025
(Foto: Reprodução) Mãe e filhote de tamanduá-bandeira são flagrados se alimentado em reserva florestal
Uma mãe e um filhote de tamanduás-bandeiras (Myrmecophaga tridactyla) foram flagrados por um funcionário da Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoena), em uma trilha de uma reserva florestal da entidade, em Presidente Epitácio (SP). Ele gravou as cenas que mostram os animais durante um passeio em meio à área de vegetação (assista ao vídeo acima).
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Ao perceber a aproximação humana, o filhote, pressentindo uma situação de perigo, procurou a proteção da mãe, que se abaixou para que seu pupilo pudesse subir em suas costas, e juntos se afastaram do local.
A trilha em que o registro foi feito, antes, era uma área de pasto para cavalos e bois e, atualmente, foi restaurada pela Apoena, comprovando que a recuperação da floresta é essencial para trazer a fauna de volta, inclusive, de espécies vulneráveis e ameaçadas de extinção.
Tamanduás-bandeiras são flagrados em reserva florestal, em Presidente Epitácio (SP)
Apoena
Espécie
A espécie tem distribuição em campos e cerrados das Américas Central e do Sul, desde a Guatemala até a Argentina.
São insetívoros. Comem apenas formigas e cupins. Abrem os cupinzeiros e os formigueiros com as garras nas patas dianteiras. Eles introduzem a longa língua, com diâmetro entre 1cm e 1,5cm, que pode se projetar a 60cm para fora da boca. Os insetos ficam grudados na língua e, desta forma, o animal apenas os engole.
Os tamanduás-bandeiras são os únicos mamíferos terrestres que não possuem dentes. Os tatus e preguiças possuem dentes incompletos, sem a presença de esmalte. Seu comprimento da cabeça e do corpo é de 1 a 1,2 metro. Só de focinho, são quase 45 centímetros e, tem ainda a cauda, com 60 a 90 centímetros. A cauda tem pelos longos que formam uma espécie de bandeira, o que serviu para adjetivação de nome vulgar.
Animal de hábitos diurnos, normalmente vagaroso, mas quando perseguido, pode fugir em galope. O famoso abraço de tamanduá, tido como símbolo de traição, é praticamente a única defesa desse animal desajeitado e de visão e audição muito limitadas. O melhor sistema de alerta do tamanduá-bandeira é o olfato, que é apuradíssimo.
Ao pressentir o perigo, ele faz uso de articulações extras e levanta as patas dianteiras, apoiando o peso num tripé formado pelas duas patas traseiras e a cauda. É a posição de defesa, mas, mesmo assim, o tamanduá-bandeira suporta certa proximidade com o homem, sobrevivendo em áreas de lavouras e até perto de cidades.
Tamanduás-bandeiras são flagrados em reserva florestal, em Presidente Epitácio (SP)
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Risco de extinção
De acordo com o ambientalista e presidente da Apoena, Djalma Weffort, o tamanduá-bandeira é um controlador natural da população insetos, porém, são presas para animais predadores que estão no topo da cadeia alimentar, como onças-pintadas e parda, animais comuns no Oeste Paulista. Ele se alimenta de formigas e cupins e outros insetos, mas também apreciam sementes nativas.
“É espécie-chave na cadeia alimentar na natureza, o tamanduá-bandeira promove o controle biológico, como por exemplo, ao alimentar-se de formigas e cupins! Come aproximadamente 30 mil formigas e cupins por dia, sendo um importante controlador das populações destes insetos. Por outro lado, é alimento para predadores topo de cadeia como a onça-pintada [Panthera onca] e a onça-parda [Puma concolor]”, explicou Weffort.
Conforme o ambientalista, o animal desempenha um papel importante no equilíbrio ecológico dos ambientes onde vive porque é considerado espécie indicadora de ambientes naturais saudáveis e equilibrados.
"Infelizmente a perda de hábitats levou a perda de 30% da população nos últimos 30 anos por conta da degradação dos biomas brasileiros e substituição por pasto, agricultura extensiva e processos de urbanização, em especial o Cerrado, a Mata Atlântica e a Amazônia", lamentou o ambientalista.
Os tamanduás ainda são muito caçados, principalmente por carregarem, em algumas regiões do país, o estigma popular de que trazem má sorte. São também vítimas da intoxicação por agrotóxicos e atropelamentos.
"Os tamanduás têm sofrido extremamente por conta dos incêndios que têm atingido, principalmente regiões como Cerrado e Pantanal, e também a nossa região nos períodos mais secos!", disse Weffort.
De acordo com o ambientalista, projetos dedicados à espécie, como os do Instituto Tamanduá, tem resgatado os indivíduos feridos pelo fogo e trabalhado na reintrodução ao habitat natural.
"Os tamanduás são animais muito delicados quando se fala de mudanças climáticas, pois não toleram grandes variações de temperatura", finalizou Weffort.
Tamanduás-bandeiras são flagrados em reserva florestal, em Presidente Epitácio (SP)
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